Interview with Nino Arteiro – Livecoins (In Portuguese)
September 28, 2020Um movimento que tem crescido em paralelo ao movimento cypherpunk são os chamados criptoartistas, que prometem digitalizar na blockchain as suas criações, algo possível graças a invenção das criptomoedas.
No Brasil, um dos militantes da importância da causa cripto é o Nino Arteiro, que vem criando tokens para suas artes e expondo a criptoeconomia no meio artístico. Confira o papo exclusivo que ele teve com o Livecoins abaixo.
1) Eu vi que você lançou um manifesto criptoartista. O que te motivou a lançá-lo em um formato de “manifesto”?
Nino Arteiro – Primeiramente, eu gostaria de AGRADECER ao LIVECOINS por abrir este canal de comunicação para eu poder me EXPRESSAR, DIVULGAR as minhas ideias e minhas artes e SITUAR as pessoas sobre o que é CRIPTOARTE e em que ponto ela está no BRASIL e no MUNDO. Além do mais, PARABENIZO a plataforma por estar reconhecendo a IMPORTÂNCIA da CRIPTOARTE antes dela virar MODINHA e também por estar interessada em fazer uma entrevista primeiramente com um criptoartista BRASILEIRO, pois, aqui no Brasil as pessoas sofrem daquele COMPLEXO DE INFERIORIDADE, sabe, aquele complexo DE VIRA-LATA, que faz as pessoas só VALORIZAREM aquilo que é de FORA, e DEPRECIAREM o que é criado aqui nas TERRAS TUPINIQUINS. Como disse Nelson Rodrigues: “o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem”.
Bom, em relação à pergunta sobre o MANIFESTO, há alguns meses, eu senti a necessidade de REUNIR um conjunto de INFORMAÇÕES sobre em que estágio se encontrava a criptoarte e COMUNICAR essas informações para as artistas e para as pessoas comuns. Além do mais, um manifesto tem o PAPEL de ser uma DECLARAÇÃO PÚBLICA que pode identificar PROBLEMAS, incitar uma REVOLTA CULTURAL e provocar MUDANÇAS. Ele traz a visão de mundo de quem escreve e pode CONVOCAR uma comunidade para determinadas AÇÕES.
Foi isso que tentei fazer, tornei PÚBLICO no manifesto criptoartista um conjunto de INFORMAÇÕES sobre o mundo atual da criptoarte e também PREVISÕES sobre como ela poderá se desenvolver e como os criptoartistas podem AGIR para manter uma das grandes DÁDIVAS que a blockchain nos trouxe: a AUTONOMIA. Sem querer, é claro, com essas minhas previsões, ser o dono da verdade. Vejo que o manifesto teve uma BOA ACEITAÇÃO na comunidade. Com o APOIO e a COLABORAÇÃO voluntária de vários criptoartistas e comunicadores daqui do Brasil e de outros países, o manifesto já foi TRADUZIDO para o ESPANHOL e agora está sendo finalizada a tradução para o INGLÊS.
2) Para você, o que seria um(a) criptoartista? Qual a diferença para um(a) artista comum?
Nino Arteiro – Um(a) criptoartista é todo artista que pratica essa novíssima forma de arte que surgiu com a blockchain, que é a CRIPTOARTE. E o que é criptoarte? Acredito que cada pessoa ou cada artista tem a liberdade de definir o que é da maneira que achar melhor. Defino como toda arte, FÍSICA ou DIGITAL, que tenha como TEMA o mundo das criptomoedas, blockchain e criptografia e também toda arte que utiliza a CRIPTOGRAFIA como SUPORTE DE EXPRESSÃO, como, por exemplo, os COLECIONÁVEIS DIGITAIS e a ARTE ETÉREA, que é um modelo de arte conceitual, minimalista e memética que criei.
Os colecionáveis digitais e a arte etérea são tokens, ou seja, são registros criptográficos (codificados) presentes em um LIVRO-RAZÃO formado por um conjunto de computadores que chamamos de BLOCKCHAIN. Ao mesmo tempo em que são TOKENS, são também OBRAS DE ARTE que carregam IDEIAS e que nunca poderão, na TEORIA, ser falsificadas, replicadas ou modificadas, são imutáveis. Isso é possível devido a uma característica fundamental da blockchain: a IMUTABILIDADE DOS DADOS. Além do mais, essas criptoartes podem ser consideradas OBRAS DE ARTE RARAS. São raras devido à uma outra característica que surgiu também com a blockchain: a ESCASSEZ DIGITAL. A blockchain conseguiu REPRODUZIR no mundo digital a MESMA ESCASSEZ que existe no mundo físico, o que permite a comercialização de bens digitais como se fossem bens físicos. Este sistema de escassez funciona devido ao fato COMPROVADO de que, como as criptomoedas, as criptoartes também existem em QUANTIDADE LIMITADA.
Para ESCLARECER um pouco mais sobre esse modelo de CRIPTOARTE que usa o TOKEN como SUPORTE PARA PROPAGAR IDEIAS, faço uma analogia com a pintura. Na PINTURA, a TELA é o SUPORTE onde a artista coloca a IDEIA dele ali. Depois de terminada a pintura, a IDEIA da artista está colocada na TELA, a qual será o VEÍCULO DE PROPAGAÇÃO dessa ideia. No caso da criptoarte que usa a CRIPTOGRAFIA como suporte de arte, o TOKEN será o SUPORTE onde a artista colocará a sua IDEIA para ser propagada.
3) Qual a relevância destes projetos para a criptoeconomia, uma vez que ela se pauta em descentralização e transparência? Como isso é possível para os criptoartistas?
Analisando o cenário mundial, observa-se que a blockchain está causando e causará cada vez mais um grande impacto na área de AQUISIÇÃO DE ARTE, principalmente digital. No ano de 2017, vimos um grande AUMENTO no comércio de COLECIONÁVEIS DIGITAIS, que chegou na casa de vários milhões de reais. Isso está ocorrendo porque a blockchain permitiu ELIMINAR várias barreiras BUROCRÁTICAS e ECONÔMICAS que dificultavam as pessoas adquirirem arte. Por exemplo, com a blockchain, os INTERMEDIÁRIOS são ELIMINADOS do processo de comercialização de arte e a artista de arte digital ou o artista que tokeniza uma obra física tem a AUTONOMIA de comercializar sua obra DIRETAMENTE com qualquer pessoa do PLANETA, usando de forma fácil, rápida e segura uma GALERIA/EXCHANGE DESCENTRALIZADA. A TAXA para usar uma galeria/exchange desse tipo comparado com a taxa de um(a) intermediária tradicional (galeria, casa de leilão) é tão PEQUENA que pode ser DESPREZADA.
Além do mais, a blockchain trouxe outro AVANÇO que NUNCA se viu na História da arte, que é o CERTIFICADO DE AUTENTICIDADE E DE PROCEDÊNCIA DA OBRA, o qual é uma espécie de DNA da obra de arte que CONFIRMA de forma extremamente SEGURA e IMUTÁVEL, através de registros codificados na blockchain, que a obra X foi criada pela artista Y e que já passou nas mãos de tais pessoas e que agora foi adquirida por tal pessoa. Isso é um avanço em relação à TRANSPARÊNCIA no comércio de arte.
4) Você criou um grupo no telegram para discutir a temática com váriados criptoartistas mundiais, o que vocês têm conseguido levantar de informação e criação no setor?
Eu tive a ideia de criar esse grupo (CRYPTOARTISTS), junto com um pessoal da Espanha, para ser uma COMUNIDADE VIRTUAL DE AJUDA-MÚTUA E DE APRENDIZAGEM para criptoartistas e pessoas envolvidas com plataformas relacionadas à criptoarte. Além disso, a ideia é que esse grupo contribua para aumentar a INTERAÇÃO e a troca de EXPERIÊNCIAS e de TÉCNICAS. Por exemplo, as criptoartistas poderiam se UNIR e realizar EXPOSIÇÕES COLETIVAS virtuais ou físicas e até realizar CRIAÇÕES ARTÍSTICAS EM CONJUNTO, em que cada artista contribuirá com uma parte da obra de arte. Isso já é possível ser feito utilizando apenas a internet e a blockchain, NÃO PRECISA nem de encontro presencial.
Esse GRUPO NO TELEGRAM já tem dezenas de criptoartistas de várias partes do MUNDO. Nesses últimos dias, tivemos a NOTÍCIA da criação de uma ferramenta GRATUITA e de CÓDIGO ABERTO chamada ALF (Artist Liberation Front). Essa ferramenta foi criada por um grupo de criptoartistas de forma COLABORATIVA com o objetivo de ENSINAR as artistas a CRIAREM e GERENCIAREM os seus próprios colecionáveis digitais na plataforma Ethereum.
5) Você é um criptoartista brasileiro, como você vê o cenário no país hoje e para o futuro? Qual o impacto que você espera da arte descentralizada?
A CRIPTOARTE no mundo ainda é um BEBÊ. No Brasil, ela está no estágio de EMBRIÃO. Por mais que eu venha procurando nos últimos tempos por outras criptoartistas no Brasil para poder CONHECER e INTERAGIR, ainda não encontrei NENHUM(A). Percebe-se que aqui no Brasil POUQUÍSSIMAS pessoas têm um entendimento mínimo sobre criptomoedas. Em relação à criptoarte, nem se fala. Acredito que daqui a 5, 10 anos talvez teremos um cenário diferente.
A ARTE DESCENTRALIZADA veio com a blockchain e só irá embora se a blockchain também for. Vejo que, em futuro breve, a arte aqui no Brasil, assim como no mundo, principalmente as artes digitais e físicas tokenizada, também terá um AUMENTO DRÁSTICO na PROCURA, VALORIZAÇÃO e na AQUISIÇÃO. Só espero que as pessoas e @s artistas não passem a ver a arte SOMENTE como uma mercadoria, SOMENTE como uma forma de investimento, como uma forma de lucrar. A ARTE É MUITO MAIS DO QUE ISSO!
6) Você fala da tokenização da arte como algo que irá trazer uma grande inovação no setor da arte, o que você quer dizer com isso?
Transferindo o VALOR de uma OBRA DE ARTE FÍSICA para um token e guardando-a em segurança, qualquer artista poderá vender sua obra em PEDACINHOS DIGITAIS. Sendo assim, as pessoas poderão comprar FRAÇÕES de uma obra de arte e não ela inteira necessariamente, criando uma grande INOVAÇÃO no comércio de arte e permitindo que pessoas com um baixo poder aquisitivo também possam ter uma PARCELA de uma obra de arte que as ENCANTA, além de ser uma nova forma de PATROCINAR SEM BUROCRACIA e DIRETAMENTE artistas que elas ADMIRAM. Fazendo uma analogia com as ações de empresa, está sendo implementada a FINANCEIRIZAÇÃO DA ARTE, ou seja, agora a obra de arte poderá ser vendida também na forma de AÇÕES (chamadas de tokens/criptoativos/ativos digitais no mundo das criptomoedas). Está surgindo na História da arte algo NUNCA visto antes que chamamos de PROPRIEDADE FRACIONADA DA OBRA.
Se tudo isso será algo REALMENTE bom pra ARTE e para @s ARTISTAS, acredito que teremos a resposta para essa pergunta somente no futuro. Eu vejo a expressão artística como uma MANIFESTAÇÃO SAGRADA e eu espero (novamente) que, nesse novo sistema que está surgindo, a arte não seja VÍTIMA de um ESTUPRO COMERCIAL GANANCIOSO praticado por pessoas VICIADAS em dinheiro e portadoras daquela SÍNDROME mental e emocional famosa chamada: FOMO(E). Além do mais, eu tenho esperanças de que essa nova forma de comercializar obras de arte físicas BENEFICIE bastante a classe artística, pois, além de ser uma criativa e libertária maneira de PATROCINAR ARTISTAS, representa também, como já foi dito antes, a ELIMINAÇÃO d@s INTERMEDIÁRI@S no processo de venda.
7) O que seria uma galeria descentralizada em sua opinião? Como isso seria inovador?
Eu percebo que a blockchain trouxe para as PESSOAS CRIATIVAS a possibilidade de PENSAR e de CONTRIBUIR um pouco com a CONSTRUÇÃO de um NOVO MUNDO. Na minha forma de ver a realidade, eu vejo que uma GALERIA REALMENTE DESCENTRALIZADA não poderá vincular NADA ao poder ECONÔMICO/POLÍTICO/SIMBÓLICO. As DECISÕES deverão ser tomadas por TODAS as pessoas participantes da plataforma, através de um sistema de discussão intensa seguida de VOTAÇÃO VIA BLOCKCHAIN, sendo que o voto de cada pessoa deverá ter o MESMO PESO. NINGUÉM poderá ter mais poder político por ter mais dinheiro.
Se a plataforma gerar LUCRO, ele será distribuído de forma IGUALITÁRIA, SEM CRIAR hierarquias e competição entre as pessoas da comunidade. É preciso mudar o MINDSET! É preciso CONFIGURAR A MENTE para INTERPRETAR e AGIR sobre a REALIDADE de uma maneira DIFERENTE do que fizemos historicamente. O lema será COOPERAÇÃO, AJUDA-MÚTUA! Uma pessoa AJUDA a outra e a comunidade se FORTALECE.
Através de ALGORITMOS JUSTOS, estas galerias também darão uma VISIBILIDADE mais DEMOCRÁTICA às obras de arte d@s artistas, NÃO PERMITINDO a possibilidade de alguém ter mais VISIBILIDADE do que outra pessoa por possuir mais DINHEIRO para pagar ou por possuir mais CAPITAL POLÍTICO ou CAPITAL SIMBÓLICO. Sendo assim, com o uso da TECNOLOGIA e com essa outra maneira de INTERPRETAR e AGIR sobre a realidade, essas galerias criarão uma NOVA FORMA de RELAÇÃO DE TRABALHO, em que a figura do PATRÃO virará PÓ e a cooperação e a ajuda-mútua TOMARÃO O LUGAR da competição.
8) Como e quando começou o movimento criptoartista? Quais são as principais conquistas até o atual momento da história?
Acredito que a ESTÉTICA CRIPTOARTE tenha surgido junto com a blockchain, em 2009. A partir desse momento, artistas começaram a falar sobre esse NOVO MUNDO e também a usar a CRIPTOGRAFIA como SUPORTE DE EXPRESSÃO. Os primeiros exemplos mais famosos são: cryptokitties, cryptopunks e rare pepe. Desde então, o NÚMERO de criptoartistas no mundo só CRESCE. Um criptoartista que ficou muito FAMOSO no ano de 2018 foi Kevin Abosch, que vendeu uma FOTOGRAFIA DIGITAL TOKENIZADA por 1 milhão de dólares. Cito alguns e algumas criptoartistas que eu ADMIRO: Josie Bellini, Nanu Berks, Nelly Baksht, Pascal Boyart, Cryptograffiti, Hodl Crypto e Hackatao. Também podemos observar um AUMENTO, de maneira muito criativa, nas FORMAS DE EXPLORAR a blockchain ARTISTICAMENTE.
Existem criptoartistas ESPECIALISTAS em TECNOLOGIA e também criptoartistas AUTODIDATAS, sendo que essa é uma nova área da arte que está tendo a característica de PERMITIR e de INCENTIVAR qualquer pessoa do mundo a soltar a IMAGINAÇÃO através da ARTE e da TECNOLOGIA. Atualmente, estão sendo realizadas, em alguns países do mundo, EXPOSIÇÕES reunindo criptoartistas e também FESTIVAIS DE ARTE DIGITAL RARA, como, por exemplo, o Rare Digital Art Festival, em Nova York.
9) Por que você considera o anonimato como uma ferramenta poderosa e legítima na arte?
Observando a História da arte e a realidade próxima do nosso dia-a-dia, chegamos à conclusão de que as pessoas que COMANDAM o sistema ideológico, de controle e de opressão em que vivemos, quando se SENTEM AMEAÇADAS, não têm nenhum pudor em CENSURAR, PERSEGUIR e até MATAR quem questiona o mundo que elas criam pra gente viver. Por exemplo, aqui no Brasil eu já vi casos em que a polícia tentou PROCESSAR artistas por DESACATO A AUTORIDADE devido a artes que faziam CRÍTICAS à violência policial. Com o ANONIMATO, a artista NÃO TERÁ mais esse perigo. Sendo assim, o artista que preza pela sua LIBERDADE DE EXPRESSÃO tem hoje a criptografia como arma de PROTEÇÃO, ela será o seu ESCUDO! Agora, com a BLOCKCHAIN e com TÉCNICAS CYPHERPUNKS, usadas dentro e fora da internet, a artista, principalmente a que faz arte digital, poderá APRESENTAR e COMERCIALIZAR a sua arte sem NUNCA precisar revelar a sua IDENTIDADE. Talvez isso NUNCA tenha sido tão possível na História da arte como é hoje.
Essa questão da CENSURA e da PERSEGUIÇÃO é algo tão sério, sobretudo quando observamos esse avanço atual do FASCISMO aqui no Brasil, que eu, por exemplo, em um futuro breve, poderei ser TACHADO como um INIMIGO do status quo e ser perseguido e processado como um APOLOGISTA DO CRIME (lavagem de dinheiro, sonegação de imposto) por ter feito, por exemplo, um quadro que fale bem da criptomoeda MONERO e ficar preso na cadeia por até 3 anos. Ou ser processado e até ficar preso também (de 6 meses a 3 anos) por ter feito uma arte que USA O DINHEIRO DE PAPEL COMO SUPORTE DE ARTE. Entendeu como a questão do ANONIMATO é uma ARMA DE PROTEÇÃO poderosa e legítima para @ artista que quiser vivenciar a LIBERDADE DE EXPRESSÃO de uma maneira mais PROFUNDA? Talvez a artista terá uma VULNERABILIDADE quando vender obras físicas e enviar pelo CORREIO, por exemplo. Como em TODO sistema vejo que há BRECHAS!
10) Como você divulga suas artes?
Eu vejo que a INTERNET, principalmente as redes sociais e os blogs, passou a ter o PAPEL das galerias e casas de leilão tradicionais. Ela se transformou em uma FERRAMENTA ARTÍSTICA que também tem a função de APRESENTAR, DIVULGAR e COMERCIALIZAR obras de arte. A internet é a NOVA GALERIA das criptoartistas! E isso é um grande AVANÇO, pois traz AUTONOMIA, ELIMINAÇÃO dos intermediários, REDUÇÃO dos GASTOS e, consequentemente, do PREÇO da obra de arte.
Agora, a ARTE é cada vez mais CRIADA, APRESENTADA e COMERCIALIZADA através do uso da TECNOLOGIA. Eu utilizo várias REDES SOCIAIS para divulgar os meus trabalhos: Twitter, Medium, Telegram, BitChute, Reddit, BitcoinTalk, Facebook, Instagram e agora vou começar a testar as redes sociais Steemit e Mastodon. Estou em uma fase de TESTES e ESTUDOS e, em um futuro breve, por questões de COERÊNCIA, PRIVACIDADE, SEGURANÇA, LIBERDADE e PAGAMENTO JUSTO, quero utilizar apenas PLATAFORMAS DESCENTRALIZADAS. Vou PERDER algumas coisas com essa TRANSIÇÃO, mas vou GANHAR outras. É preciso ter CORAGEM e DESAPEGO para pagar o preço dessa ESCOLHA. É uma escolha importante que SIGNIFICA qual é o TIPO DE MUNDO que queremos construir para vivermos no FUTURO.
Em relação à DIVULGAÇÃO, outro fator relevante nesse novo sistema de arte que está surgindo é realizar a divulgação também em INGLÊS, pois agora o público d@ artista é GLOBAL. Por exemplo, no Twitter, 90% das pessoas que me seguem são de OUTROS PAÍSES. Sendo assim, pra minha arte chegar nessas pessoas, acho importante FACILITAR a comunicação através de uma LINGUAGEM que elas também possam COMPREENDER. Além disso, @ artista deverá ENTENDER como que funcionam os ALGORITMOS das redes sociais em relação à PESQUISA e também o sistema de TAG utilizado na internet para organizar a informação através de PALAVRAS-CHAVE. Para OTIMIZAR a sua comunicação, @ artista deverá ESTUDAR um pouco sobre os assuntos de ANÁLISE DE DISCURSO, MEMÉTICA, SEMIÓTICA, COGNIÇÃO e TEORIA DA INFORMAÇÃO e da COMUNICAÇÃO.
11) Suas criações artísticas são em que linha? É algo aleatório ou você segue um script de criação? Qual o ponto da liberdade de um criptoartista?
Minhas criações na arte surgem normalmente de maneira NATURAL e ESPONTÂNEA. Até consigo forçar uma criação quando eu quero, mas PREFIRO criar a partir do ACASO. Sempre tenho vários INSIGHTS ARTÍSTICOS quando estou fazendo minhas pesquisas sobre blockchain, criptografia e o mundo das criptomoedas. Depois de ter uma ideia, eu vou melhorando o entendimento dela, concretizo-a em uma arte e vou refinando a arte e a ideia até finalizar totalmente.
Eu sou um MULTI-ARTISTA AUTODIDATA (além de artista plástico, também realizo trabalhos com poesia, audiovisual, fotografia, performance e música eletrônica). Como artista plástico, eu crio artes físicas e digitais. Crio imagens SIMPLES, INFANTIS, muitas vezes com um TOSCO INTENCIONAL (pois acredito que o tosco TAMBÉM é BELO! E que na ARTE, às vezes, a BELEZA maior está na MENSAGEM). Em relação às CRIPTOARTES DIGITAIS VISUAIS, eu crio GIFS e IMAGENS EM JPEG, muitas vezes misturando fotografia com arte digital, criando uma espécie de COLAGEM e PICHAÇÃO VIRTUAL.
Atualmente, eu estou desenvolvendo um tipo de CRIPTOARTE DIGITAL MINIMALISTA E MEMÉTICA que eu considero como uma NOVA FORMA DE EXPRESSÃO DE ARTE CONCEITUAL, que eu chamo de ARTE ETÉREA. Na História da arte, podemos observar que um dos OBJETIVOS mais perseguidos pelos artistas conceituais tradicionais foi tentar ELIMINAR o OBJETO DE ARTE na criação artística e deixar apenas o ESPÍRITO da arte: a IDEIA, apenas o CONCEITO da arte. Com a blockchain, isso é TOTALMENTE possível.
Um exemplo de ARTE ETÉREA que eu criei é a criptoarte EU SOU O MEU BANCO!, na qual foi usado o token EUSOUOMEUBANCO! como suporte de arte, ou seja, o token foi usado para carregar a ideia dessa arte, a ideia de que nós não precisamos mais de uma instituição financeira para cuidar de nosso dinheiro! No caso de usar um token como um suporte de expressão artística, a arte se transforma em uma arte virtual, sem forma, sem cor, sem imagem, sem textura, sem materialidade, totalmente etérea, o que afasta as distrações dos sentidos e dá mais destaque apenas a IDEIA. A criptoarte “EU SOU O MEU BANCO!” já está disponível para venda na DEX (Exchange Descentralizada da Waves). Eu criei APENAS 100 unidades dela e não será criada mais NENHUMA. Sendo assim, ela pode ser considerada também um COLECIONÁVEL DIGITAL RARO.
A ARTE ETÉREA é um tipo de arte que NÃO é para ser VISTA, mas sim SENTIDA, COMPREENDIDA. Em relação à sua característica memética, ela é considerada uma ARTE MEMÉTICA porque os tokens carregam uma UNIDADE DE INFORMAÇÃO. O token (a criptoarte) vira um MEME, um VÍRUS INFORMACIONAL poderoso e contagioso capaz de EXPANDIR CONSCIÊNCIAS. Tokenizar uma IDEIA é criar a possibilidade de MAXIMIZAR MEMETICAMENTE A SUA PROPAGAÇÃO e de fazê-la chegar em mais pessoas através do mundo virtual.
Eu já criei várias artes etéreas: DEUS, UMA MERCADORIA! (é a tokenização de Deus, onde ele é colocado à venda como uma mercadoria. O objetivo é falar sobre esse COMÉRCIO RENTÁVEL E PROFANO DE DEUS praticado por algumas pessoas em nossa sociedade); MERDA (que fala um pouco sobre a LAVAGEM CEREBRAL, a MEDIOCRIDADE e FUTILIDADE da CULTURA e do ENTRETENIMENTO DE MASSA); PORTFOLIO DE SENTIMENTOS POSITIVOS (este é um projeto maior. Eu criei várias criptoartes tokenizando alguns SENTIMENTOS POSITIVOS. Eu QUEIMAREI praticamente todas as criptoartes e distribuirei GRATUITAMENTE as poucas que sobrarem com o objetivo de gerar REFLEXÕES e APRENDIZADOS nas pessoas sobre esses SENTIMENTOS POSITIVOS e sobre o DESAPEGO AO DINHEIRO). Caso queira conhecer mais os meus trabalhos, visite o meu portfólio digital com todas as minhas criptoartes já criadas.
Em relação à pergunta sobre até onde vai a LIBERDADE de um(a) criptoartista, acredito que vai até onde ele(a) está DISPOSTA A PAGAR O PREÇO DE SUAS AÇÕES. Por fim, também vejo que é importante que as criptoartistas busquem CRIAR, de forma artística e divertida, NOVAS MANEIRAS DE EXPLORAR A BLOCKCHAIN e NOVOS CONCEITOS. Eu já criei alguns: PAPEL COLORIDO (seria o white paper da criptoarte), TOKENIZAÇÃO DA IDEIA (conceito de usar o token como suporte de arte) e TRANSAÇÃO M2M (transação (copulação) amorosa de ideias de Mente para Mente (Mind to Mind) – seria a transação P2P da criptoarte).
12) Quais as barreiras para se tornar uma criptoartista? As dificuldades?
Eu vejo que a principal barreira é o DESCONHECIMENTO em relação à CRIPTOARTE e aos ASSUNTOS tratados por ela. Acredito que daqui a alguns anos essa barreira DIMINUA. Outra barreira é a questão de POUCAS PESSOAS gostarem de arte a ponto de querer ADQUIRIR uma criptoarte e VALORIZAR o trabalho da artista, incentivando-a a continuar a trazer BELEZA e INFORMAÇÃO para a vida das pessoas.
Outra questão é sobre o VALOR DA OBRA. Eu, por exemplo, tenho obras que valem poucos reais, outras que chegam a valer até 1 Bitcoin e outras que eu dou de graça como uma forma de PRESENTEAR as pessoas. Muita gente na internet (na verdade, a maioria haters frustrad@s e infelizes) que, com toda a HUMILDADE, deveria estudar um pouquinho mais sobre arte, acha um ABSURDO eu cobrar 1 Bitcoin em um QUADRO. O que é o VALOR? Como e por que VALORIZAMOS as coisas? Como MEDIMOS o valor de algo? Por que há quem coloque VALOR até na VIDA HUMANA? Por que existem pessoas que chegam a pagar MILHARES DE REAIS em algo invisível como uma criptomoeda ou até 1 BILHÃO E MEIO DE REAIS em uma obra de arte física? Esse é um dos grandes ASSUNTOS tratados na criptoarte atualmente: o VALOR.
Portanto, sem querer fazer uma APOLOGIA à ESPECULAÇÃO que só visa o LUCRO, talvez uma obra de arte INOVADORA, CRIATIVA e que traz uma INFORMAÇÃO PROFUNDA sobre a realidade possa ser algo que ENCANTE e INCENTIVE alguém a ponto de querer PAGAR por uma obra dessa não apenas 1 Bitcoin, mas sim 100 Bitcoins. Afinal, onde está o VALOR nas coisas?
13) O que você espera que seja alcançado com este movimento, os objetivos?
Bom, eu espero que o movimento criptoartista CONTRIBUA para que a ARTE seja mais VALORIZADA entre as pessoas comuns e que o artista tenha mais AUTONOMIA, LIBERDADE, PROTEÇÃO, mais FERRAMENTAS DE EXPRESSÃO e PAGAMENTOS JUSTOS. Além do mais, a CRIPTOARTE pode se transformar em um poderoso e excelente INSTRUMENTO PEDAGÓGICO para contribuir com a EDUCAÇÃO das pessoas sobre esse novo mundo da blockchain, criptomoedas e criptografia que está nascendo.
Entrevista original publicada por Gustavo Bertolucci no dia 26/01/2019 em: https://livecoins.com.br/entrevista-com-nino-arteiro-criptoartista-brasileiro/